Além da brincadeira, grupo busca conscientizar sobre os problemas sociais.
Próximo desfile da Profana vai contar com apresentação do grupo Conxitas.
O bloco “Vaca Profana” é organizado desde 2011 por mais de 20 mulheres de Belo Jardim, no Agreste pernambucano, e reúne mais de mil pessoas nos períodos carnavalescos. A referência não poderia ser mais convidativa, é uma música de Caetano Veloso: “Respeito muito minhas lágrimas/ Mas ainda mais minha risada/ Inscrevo, assim, minhas palavras/ Na voz de uma mulher sagrada/ Vaca profana, põe teus cornos/ Pra fora e acima da manada”.
Com este verso, além de brincarem pelas ruas da cidade, os foliões de várias idades, orientações e crenças proclamam diferentes motes. Em 2013, o grupo distribuiu aproximadamente 2.000 cartilhas sobre Lei Maria da Penha e, neste ano, a ideia é trazer reflexões sobre uma sociedade mais justa, em todos os setores. O próximo encontro da Vaca está marcado para o dia 23 de fevereiro, a partir das 16h, na Praça da Bandeira, com o grupo de percussão Conxitas, formado por mulheres da capital pernambucana. O evento é gratuito.
Também estão confirmadas as participações dos folguedos Boi da Gente, Muriçocas da Boa Vista e Besouro Verde e o bloco do Zé Pereira. Aos risos, em meio aos folguedos ainda são destaques Carmelita Regina, de 65 anos, e Marcílio Silva, de 66. Segundo ela, não há cansaço para o casal, que acompanha desde a primeira edição o trajeto de Profana, sem nem se importar com este nome ou o preconceito que possa haver. “Eu gosto é de brincar e quem vir falar que não gosta da Vaca, eu boto logo pra trás”, contou.
Criação e conscientização
É comum no interior do estado haver os descendentes do “Bumba Meu Boi”, como o Boi da Macuca, em Correntes, e o Boi da Gente, existente em Belo Jardim há sete anos. Em 2011, as brincantes Bruna Brayner e Adilza Silva participavam da organização deste segundo e tiveram a ideia de desconstruir e reconstruir a figura do folguedo. Junto a outras incentivadoras e feministas, pensaram em nomes para uma vaquinha. Surgiram opções como Patrícia Galvão (a jornalista Pagu), Rosa Luxo (referência à filósofa e revolucionária Rosa Luxemburgo) e Estrela (da música “Vaca Estrela e Boi Fubá”, de Patativa do Assaré). Venceu, porém, aquela composição de Caetano.
É comum no interior do estado haver os descendentes do “Bumba Meu Boi”, como o Boi da Macuca, em Correntes, e o Boi da Gente, existente em Belo Jardim há sete anos. Em 2011, as brincantes Bruna Brayner e Adilza Silva participavam da organização deste segundo e tiveram a ideia de desconstruir e reconstruir a figura do folguedo. Junto a outras incentivadoras e feministas, pensaram em nomes para uma vaquinha. Surgiram opções como Patrícia Galvão (a jornalista Pagu), Rosa Luxo (referência à filósofa e revolucionária Rosa Luxemburgo) e Estrela (da música “Vaca Estrela e Boi Fubá”, de Patativa do Assaré). Venceu, porém, aquela composição de Caetano.
Recentemente, mulheres que atuam como psicólogas, enfermeiras, pedagogas e professoras, dentre outras profissões, formam o “Vaca Profana”. De acordo com Adilza Silva, professora de História de 51 anos, a nova ideia é “institucionalizar e legalizar o grupo para a defesa das mulheres durante o ano inteiro, com debates e oficinas”. Para ela, o preconceito é tão grande que afeta até áreas cujo preconceito não deveria existir. “Belo Jardim é conhecida como a Terra dos Músicos e todo ano se tenta organizar uma orquestra local formada por mulheres, mas as bandas desmotivam as meninas a tocarem instrumentos”.
Vaca reciclada
A vaca é reciclada, feita em papel machê, e todo ano recebe adereços novos. Inclusive, maquiagem nova, desde 2012. Nesse ano, o artista plástico Adônis Valença pintou a “cara” da Profana e, em 2013, foi a vez de Antônio Marcos. A pintura da próxima edição será feita, pela primeira vez, por uma artista: Luzia Monte. “Uma forma de valorizar os artistas da cultura local”, ressalta Adilza Silva.
A vaca é reciclada, feita em papel machê, e todo ano recebe adereços novos. Inclusive, maquiagem nova, desde 2012. Nesse ano, o artista plástico Adônis Valença pintou a “cara” da Profana e, em 2013, foi a vez de Antônio Marcos. A pintura da próxima edição será feita, pela primeira vez, por uma artista: Luzia Monte. “Uma forma de valorizar os artistas da cultura local”, ressalta Adilza Silva.
Jael Soares
Do G1 Caruaru
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