Fibras de cana-de-açúcar podem ser utilizadas para produzir papel para revistas, livros, material de escritório, entre outros
Papel feito de bagaço de cana já pode ser encontrado em diversos formatos e na cor branca, como o de celulose. Primeiro, foi a bioeletricidade, depois veio o plástico verde. Agora, o mercado começa a se render a mais um produto ecologicamente correto, obtido a partir do bagaço de cana-de-açúcar, que é o subproduto da fabricação de etanol e açúcar nas usinas. O papel feito com o bagaço começou a ganhar espaço nas prateleiras das lojas especializadas e muitas indústrias brasileiras do setor de papéis já estão se especializando na fabricação de um produto de alta qualidade. Estudos preliminares apontaram que o bagaço de cana possui grande quantidade de fibras de alta qualidade, pureza elevada e biodegrabilidade, o que está tornando o papel 100% reciclável. Os primeiros papéis de cana que surgiram no mercado ainda tinham a aparência de papel reciclado. A maioria das folhas ainda apresentavam textura irregular e cor escura, mas hoje em dia, já é possível encontrar papéis de cana brancos e extra-brancos, em formatos de sulfite e carta A4. A primeira empresa a fabricar este produto foi a Usina Alta Paulista, de Junqueirópolis (SP). Em 2008, uma ONG chamada Sonho Nosso e o departamento de responsabilidade socioambiental da usina começaram a produção do papel ecológico com o bagaço de cana que sobrava da geração de bioeletricidade. Victor Eloy da Fonseca, coordenador da ONG, disse que para obter o papel era preciso cozer o bagaço e triturá-lo até que as partículas atingissem o tamanho ideal. A partir daí, recebia um banho em uma soluções e seguia para a prensa. "No começo, usávamos os papéis em impressoras da empresa e da ONG", disse ele. Mas atualmente, o papel de cana já está tendo outras utilidades, principalmente em produtos como matéria-prima revistas, livros e papéis para desenho. A empresa GCE está produzindo o papel mais branco e, segundo nota da empresa, com preço semelhante ao papel feito com celulose, porque os custos de produção também são menores. Segundo a GCE, o ciclo de produção de papel de celulose gira em torno de 6 a 7 anos, pois este é o ciclo da madeira de reflorestamento, geralmente, o eucalipto. O papel de cana, leva em média, 18 meses, e exige menos produtos químicos nos processos de transformação e branqueamento das fibras.
Por Viviane Taguchi – Do Globo Rural
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