A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra a Mulher,
criada pelo Congresso Nacional e da qual tive a honra de participar,
aprovou no último dia 4 o seu relatório final, após mais de um ano de
intenso trabalho.
Deputados federais e senadores percorreram 17 Estados brasileiros e o
Distrito Federal para investigar casos de violência e apurar denúncias
de omissão do poder público na proteção às mulheres.
O relatório final, que conta com mais de mil páginas, consubstancia o
terrível quadro existente em nosso país. Os dados indicam que, nos
últimos 30 anos, mais de 90 mil mulheres foram assassinadas no Brasil,
43,5 mil somente na última década. Dentre 84 países, ocupamos a 7ª
posição, com taxa de 4,4 homicídios em 100 mil mulheres.
Para a CPMI, ficou clara, ao fim dos trabalhos, a inexistência ou a
ineficácia das políticas públicas de enfrentamento à violência contra
mulheres. Esse exaustivo trabalho resultou na formulação de 69
recomendações gerais aos governos federal, estaduais e municipais; ao
Judiciário; ao Ministério Público; às Defensorias Públicas; e às
Assembleias Legislativas. Teve, ainda, o mérito de analisar o panorama
de cada Unidade da Federação e formular propostas específicas a cada uma
delas.
O grupo de trabalho sobre legislação da CPMI estudou também, em conjunto
com representantes da sociedade, mais de 50 projetos em tramitação no
Congresso Nacional. A partir daí, propôs mudanças nas legislações penal;
processual penal; de seguridade social; sobre educação; na Lei de
Tortura; e na Lei Maria da Penha.
Uma recomendação significativa feita foi a tipificação do feminicídio
como circunstância qualificadora de homicídio. No total, foram propostos
13 projetos de lei e um projeto de resolução.
Apenas a passagem da CPMI pelas Unidades Federadas foi suficiente para
gerar efeitos positivos nessa luta. Varas judiciais de violência
doméstica e familiar foram criadas em Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso
do Sul e Pernambuco, onde foi aberta, também, uma câmara técnica para
análise dos casos dessa natureza.
Ao nosso Estado, que ocupa o 10º lugar no Brasil no ranking de violência
contra as mulheres, a Comissão fez 21 recomendações específicas, como a
implementação de mais Delegacias da Mulher; a ampliação das políticas e
dos equipamentos para que cheguem às mulheres da Zona da Mata, Agreste e
Sertão, bem como às quilombolas; e a criação de mais Juizados
Especializados de Violência Doméstica; de Promotorias e de Defensorias
da Mulher.
Com os resultados dessa CPMI, o Congresso Nacional oferece ao nosso país
uma contribuição significativa no combate a essa chaga social tão
alarmante para a nossa sociedade, que é a violência contra a mulher.
Senador por Pernambuco
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